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#VÍDEO "De Domingo a Domingo". Curta amapaense será exibido no FestTaguá

  • Foto do escritor: Rodrigo 'Aquiles' Santos
    Rodrigo 'Aquiles' Santos
  • 6 de ago. de 2020
  • 6 min de leitura


Cola aqui que tem notícia boa 💚 O documentário amapaense "De Domingo a Domingo" do diretor Marcus Vinícius de Oliveira e produzido por Samara Alencar, participará da Mostra Competitiva da 15ª edição do Festival Taguatinga de Cinema, que está ocorrendo desde o dia 4 julho e vai até 30 de agosto. O curta será exibido online no dia 8 de Agosto, neste sábado, para assistir basta se cadastrar no site do festival e assim votar nos filmes de sua preferência. Então, convidamos todxs a prestigiar a obra, votar e ajudar a trazer esta conquista para terras Tucujús <3. Se liga que a votação fica aberta por 24h após o lançamento do filme (até às 20h do dia 9 de Agosto).


“De Domingo a Domingo” que já recebeu em 2018, o Prêmio Gengibirra na 15ª edição do nosso querido festival amapaense de cinema, o Festival Imagem-Movimento (FIM), aborda "a poesia e reflexões de Domingos Gomes, um horticultor agroecológico que conduz com sabedoria e dedicação o Mundo das Plantas, uma horta orgânica no interior da Amazônia, mais precisamente no distrito de Fazendinha, em Macapá."


Neste ano o FestTaguá será totalmente online. Você poderá assistir à Mostra Competitiva, Popular e Infantil através do site do festival e também oficinas e debates através da TATPE tv, o canal do festival no Youtube. Agora confira uma breve entrevista que realizamos com Marcus Vinícius sobre o processo de realização do curta e as suas impressões sobre a sétima arte.


RODRIGO AQUILES: Oi, Marcus, queria que tu compartilhasse com a gente sobre como foi o processo de produção do curta, o contato com o Seu Domingos e como tu e a Samara Alencar se organizaram nas funções 😊

diretor Marcus Vinícius Oliveira
Marcus, Samara e Domingos

MARCUS VINÍCIUS: A ideia de fazer um filme, pra mim, dificilmente é apenas um estalo. É um processo que vai maturando e ganhando força psíquica, gerando forma mental, até que esteja apta a ser transferida para o papel, se for o caso. Nesse caso, eu tinha a idéia de fazer entrevistas com expoentes agroecológicos da região, mas ainda sem um formato específico. Foi quando uma amiga, a Aretha Araújo me disse que eu precisava conhecer o Seu Domingos e fez questão de me levar lá com ele. O impacto de simpatia, conhecimento vibrante de vida e firmeza nas palavras foi instantâneo. Não costumo fazer isso logo que conheço uma pessoa, mas pedi licença pra gravar a história em que ele me apresenta o pé de cupuaçu que tem no Mundo das Plantas e ele defende ser um dos maiores da região. Ali eu percebi que ele tinha algo muito positivo a ser compartilhado com muita gente e um vídeo simples, cru, focado na mensagem dele, poderia ser a melhor forma de captar e transmitir a essência do que ele diz. Guardei a ideia. Mas, como todo ano tem o FIM, e o dia limite para inscrições tava chegando, me bateu uma cuíra de que o festival seria o espaço de exibição ideal para uma conversa com o Seu Domingos. Porque a comunidade da qual a gente faz parte, a meu ver, precisava conhecer agroecologia, permacultura e formas sustentáveis de se relacionar consigo mesmo e com a natureza. Então entrei em contato e ele aceitou gravar uma conversa. Foram duas visitas. Uma hora de captação em cada dia. A estrutura foi a mínima possível, para manter o máximo de envolvimento na gravação, sem despertar distrações com a pujança do maquinário audiovisual e com o mínimo de pessoas. Aconteceu dessa forma por uma questão estratégica narrativa e discursiva, mas também por conta de viabilidade mesmo. Não tínhamos tempo de engajar outros profissionais para ajudar na produção. Convencê-los a gravar de graça então? Gerir mais gente em termos de produção, comunicação, alimentação? Missão difícil. Precisava ser o mais enxuto para a conversa fluir e o que interessava pudesse vir a tona. Apesar das dificuldades de se fazer cinema de guerrilha, a realização do filme foi muito fluida. O caminho de fato ficou mais aberto e claro por conta de uma certa experiência em várias áreas nesse tipo de produção audiovisual. Mas é aí que aparecem possíveis complicações.  A minha câmera ficou com defeito na última hora. Dessas coisas que aparecem pra gente ter uma desculpa pra desistir e testar nossas motivações. Então pedi emprestada uma máquina da Ana Carolina e Jones Barsou, da Casa Circo. Felizmente eles tem esses bons corações e cederam com um sorriso no rosto. Eu já tinha um gravador, então partimos. Samara ficou responsável pelo som direto, eu pela captação de imagens. Ambos pela conversa com o seu Domingos. O filme custou cerca de 50 reais, entre gasolina e alimentação (fora o nosso serviço, que nesse caso não foram contabilizados, fizemos de modo voluntário, por acreditarmos na proposta e necessidade de existência do filme). Não dá pra esperar financiamento em algumas obras. Arriscado nunca sair do papel. Assim que chegamos da segunda diária, comecei a montar o filme. Comecei a tarde e finalizei na manhã do outro dia. Ininterruptamente. O mais curioso é que aquela amiga que me levou pra conhecer o Seu Domingos, a Aretha, foi nos visitar nessa mesma manhã e foi a primeira a assistir ao filme. Conseguimos inscrever o filme no Festival [Imagem-Movimento]. Fomos juntos, Seu Domingos ainda não tinha visto o resultado do trabalho, descobriu ali mesmo. No dia da estréia, naquela aflição toda se o filme vai rodar direito, se o público vai conseguir ouvir bem, se vai gostar, esse sentimento foi se transformando em leveza, por reação ao próprio filme. Tudo fluiu suave. O principal indício de que o público entendeu foram as palmas veementes quando o vídeo terminou. Seu Domingos assinalou positivamente. Então tive aquele gostoso sentimento de dever cumprido. No fim da sessão, quando viram Seu Domingos na saída, muitos jovens foram tirar foto com ele. Fizeram fila. Foi tudo muito curioso e divertido. No fim, ele me perguntou: "Marcus, acho que eles gostaram mesmo do que eu disse, né?”.  Gostaram tanto que “De Domingo a Domingo foi o filme mais votado. Vencemos o Prêmio Gengibirra de 2018. Foram mil reais que puderam ser divididos grata e igualmente entre os envolvidos diretos pela realização. Em 2019, acabamos deixando o filme guardado. Não inscrevemos em nenhum festival, porque sempre ficávamos na expectativa de ajustar, inserir e refinar alguns trechos, gravar novas imagens do Espaço Mundo da Plantas, enfim, melhorar o filme. Mas não rolou. Em 2020, enfim decidimos soltar o filme do jeitinho que é, assim com foi concebido no primeiro corte. Não mudamos nada e inscrevemos no Festival de Taguatinga. Felizmente, outras pessoas captaram e acharam relevante toda a mensagem ali contida. E daqui pra frente o resto dessa história ainda será escrita.


R.A: O que é o cinema pra ti? M.A: Era pra ser fácil responder essa questão, o que é cinema pra mim. Já respondi algumas vezes, mas a cada experiência cinematográfica desviante do comum, seja na frente da tela ou atrás das câmeras, o sentido dessa palavra se desdobra e se atualiza um pouco. Hoje em dia posso dizer novamente que cinema é missão. É uma forma de criar bases históricas no imaginário popular de uma região. É o enfrentamento da realidade crua ou imposta a partir da fantasia para ressignificar nossos modelos e vislumbrar novas possibilidades sócio-psico-emocionais, através da responsabilidade de criação e manipulação espaço-temporal. Há um tempo atrás li que "um povo sem cinema próprio é um povo fadado ao esquecimento". A relevância cultural de uma comunidade está calcada também em suas noções de identidade e essa só se cria, reafirma e se constrói nas práticas de memória. O cinema então é uma ferramenta importante nesse aspecto. Quais são as memórias que nós queremos guardar como traços de identidade cultural? O que nós escolhemos esquecer e quais as memórias nós podemos exercitar, criar e reafirmar para construir sociedades justas, com valores e ideais para o bem comum? O que precisamos avaliar, reavaliar, discutir, corrigir na nossa histórica como sociedade? Por isso é tão importante que tenhamos filmes feitos na região amazônica, no Amapá. E que eles sejam feitos pelos seres que aqui habitam, em sua multiplicidade, em nossa diversidade discursiva e de vivências. E que assim possamos construir identidades culturais sólidas na Amazônia. Mas que sejam construídas por nós, conscientes de quem nós somos, vislumbrando nossas projeções do que podemos ser. 



Fonte: https://medium.com/@videoamanaje

Site do Festival de Taguatinga: https://festivaltaguatinga.com.br








 
 
 

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